O Prêmio Nobel de Economia Daniel Kahneman chama a atenção para a difícil competição entre seres humanos e inteligência artificial (IA) quando se trata de tomar decisões. Seus estudos sobre vieses e ruídos no campo da economia comportamental o tornaram uma figura renomada nessa área.
Durante sua apresentação na Febraban Tech 2023*, Kahneman destacou o seguinte cenário: "Imagine uma situação em que um ser humano, com sua intuição e julgamento, está de um lado, e um algoritmo está de outro. E se eles discordarem? Quem deve ter a palavra final? Embora seja natural pensar que o ser humano deve ter a decisão final, provavelmente essa escolha será ruim. Em última análise, é melhor optar pela decisão do robô."
Contudo, ele ressalta uma exceção crucial: quando os seres humanos possuem informações exclusivas que as máquinas não possuem. Nessas circunstâncias, confiar na decisão humana é a escolha mais acertada.
De acordo com Kahneman, os vieses e ruídos aos quais os seres humanos são suscetíveis prejudicam nossas avaliações, afetando negativamente nossos julgamentos e intuições. Os vieses estão associados a preconceitos, atalhos mentais e vícios nas decisões intuitivas, como a discriminação de grupos ou o excesso de otimismo durante um mercado em alta. Em seu livro "Rápido e Devagar", publicado há uma década, Kahneman aprofunda-se nesses temas.
Por outro lado, o ruído está relacionado à inconsistência e imprevisibilidade dos erros. Em parceria com Olivirer Sibony, professor de estratégia na HEC Paris, e Cass Sustein, professor de direito em Harvard, Kahneman aborda o tema em seu livro "Ruído: uma falha no julgamento humano". A obra explora diversas situações cotidianas em que o ruído se manifesta, como médicos que oferecem diagnósticos diferentes para o mesmo problema ou analistas financeiros com opiniões opostas sobre um mesmo caso.
No contexto de tomada de decisões, o uso de pesquisas de opinião pode gerar confusão tanto para os seres humanos quanto para os sistemas de inteligência artificial. Quando não há clareza sobre o questionário, o método de coleta e a metodologia de análise, muitos dos dados coletados podem ser considerados mais como "ruídos" do que como "sinais" relevantes. É importante destacar que as pesquisas de opinião geralmente possuem algum viés embutido e, em muitos casos, são propositalmente tendenciosas para atender aos interesses dos patrocinadores envolvidos. Especialmente em períodos eleitorais, é comum questionar estudos publicados que possam ter sido influenciados por esse tipo de viés.
A pesquisa de opinião eleitoral, em particular, representa um desafio tanto para os seres humanos como para as inteligências artificiais. Ao utilizarmos pesquisas de opinião enviesadas, corremos o risco de introduzir "ruídos" que as IAs podem não ser capazes de detectar, especialmente quando esses ruídos são criados de forma intencional para influenciar a aceitação dos eleitores. Nesses momentos, é fundamental contar com a combinação da IA e da experiência humana para traçar caminhos e definir direções, representando um grande desafio para os profissionais de marketing e pesquisa, especialmente à medida que as eleições se aproximam.
Dessa forma, é essencial que, ao lidar com pesquisas de opinião, haja uma abordagem cuidadosa e crítica, levando em consideração os possíveis enviesamentos e a manipulação intencional dos resultados. A colaboração entre a inteligência artificial e o conhecimento humano pode ser uma maneira eficaz de superar esses desafios e obter insights mais precisos.
Contem conosco para auxiliá-los nessa importante tarefa de interpretar e analisar pesquisas de opinião eleitoral, fornecendo informações valiosas para suas estratégias e tomadas de decisão.
(*) Evento da FEBRABAN TECH 2023 ocorrido no dia 29/06/2023 sobre tecnologia. Acesso: https://febrabantech.com/noticias/algoritmos-levarao-a-melhor-sobre-a-opiniao-humana-projeta-daniel-kahneman
(Este texto foi avaliado pelo sistema de plagio com 0% de plagio, exceto as citações demarcadas entre aspas)
Autores: Mario Rodrigues Filho e Mario Rodrigues Neto
Fotos Daniel Kahneman
Commenti