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Avaliação da possibilidade da reeleição de um prefeito: único indicador é suficiente?

Atualizado: 20 de set. de 2023



Recentemente, a jornalista Fabiana Pulcineli publicou na coluna "Giro" do jornal O Popular um artigo intitulado "Meta de Braga é avaliação positiva de 50% para Rogério Cruz até junho", destacando a meta estabelecida pelo marqueteiro e assessor da prefeitura de Goiânia, Jorcelino Braga, de aumentar em 30 pontos percentuais a avaliação do prefeito Rogério Cruz em menos de 1 ano. Neste contexto, surge uma discussão relevante acerca da suficiência do indicador de avaliação conceitual da gestão pública para apontar a viabilidade da reeleição de Rogério Cruz e quais outros indicadores podem ser usados com essa finalidade.


O prefeito Rogério Cruz está interessado nas eleições de 2024 e cogita se candidatar à reeleição. Para alcançar esse objetivo, é essencial que ele convença seu partido e a população de Goiânia de que é um candidato viável. Nesse contexto, a meta estabelecida de atingir uma avaliação positiva de 50% até as convenções partidárias em 2024 é justificada tanto pela prática política quanto por estudos acadêmicos. O embasamento científico que justifica essa tese é apresentado pelo cientista político Alberto Carlos de Almeida, detalhado em seu livro "Cabeça do Eleitor", no qual afirma-se que a chance de reeleição de um político em cargo executivo é diretamente proporcional à aprovação de sua atual gestão, e aumenta significativamente caso essa aprovação seja superior a 50%.

Questionamos se esse único indicador é suficiente para apontar a viabilidade de um candidato à reeleição. O índice de "avaliação positiva" é obtido diretamente através da "avaliação conceitual da gestão", um tipo de pergunta que busca avaliar o grau de intensidade da opinião do entrevistado acerca do tema estudado, neste caso, a gestão municipal. Trata-se de um indicador que é utilizado desde o início da pesquisa de opinião no Brasil, muito comum em pesquisas atuais e que permite uma interpretação simples do objeto estudado, uma vez que faz uma síntese da percepção geral em relação à gestão municipal. Essa capacidade de síntese é importante, mas não consegue detalhar os motivos que levam a população a ter essa opinião. E esta é, na nossa opinião, a razão para não tomar apenas este indicador como referência à viabilidade de uma candidatura à reeleição.


A avaliação da gestão não deve se basear apenas na pergunta simplificada de "como você avalia a atual gestão?", mas também na compreensão das expectativas da população em relação ao que foi prometido e esperado pelo gestor. A avaliação das expectativas em relação à gestão busca identificar se o desempenho do executivo está alinhado com as expectativas da população, em relação às entregas prometidas ou esperadas. Lembramos que essas expectativas são criadas, pelo menos, de duas formas: as promessas de campanha e o que se imagina ser a função do executivo. Assim, ao medir a relação entre desempenho e expectativa, conseguimos avaliar se um gestor, mesmo que bem avaliado, conseguiu superar o rótulo de "não ter feito mais que a sua obrigação". Temos percebido ao longo dos trabalhos realizados que muitos gestores não têm conseguido superar essa barreira de forma significativa, o que resulta em maiores dificuldades no processo de reeleição, mesmo que tenham uma aprovação superior a 50%.


Além disso, a análise da viabilidade eleitoral requer uma avaliação mais ampla, incluindo a intenção de voto, o grau de conhecimento do candidato, a possibilidade de voto independente da concorrência e a certeza do não voto, também conhecida como rejeição.

A meta estabelecida por Jorcelino Braga para a avaliação positiva do prefeito Rogério Cruz é ambiciosa, e há a impressão de que a gestão da prefeitura de Goiânia está começando do zero (de novo). Para o sucesso da empreitada, é fundamental que outros indicadores sejam considerados para uma análise mais completa da gestão pública e do potencial eleitoral do prefeito. O uso isolado do indicador de avaliação conceitual da gestão pode não refletir totalmente a viabilidade real da reeleição e pode deixar de captar oportunidades de ação para melhorar a imagem do prefeito fora desse escopo limitado. Uma abordagem mais abrangente e integrada é essencial para uma análise política efetiva e fundamentada


Por Mario Rodrigues Neto


Mario Rodrigues Neto é diretor da empresa de pesquisa GRUPOM, mestre em engenharia de produção e inovação pelo UFRJ 2005



  1. https://opopular.com.br/opiniao/coluna-giro/meta-de-braga-e-avaliac-o-positiva-de-50-para-rogerio-cruz-ate-junho-1.3048745 (acessado em 23/07/2023)

  2. https://opopular.com.br/politica/se-tiver-condic-es-de-reeleic-o-o-partido-vai-dar-todo-apoio-diz-rogerio-cruz-1.2615284 (acessado em 23/07/2023)

  3. https://diariodegoias.com.br/republicanos-nao-tem-outro-plano-senao-reeleicao-de-rogerio-cruz-afirma-novo-presidente/282820/ (acessado em 23/07/2023)

  4. https://diariodegoias.com.br/republicanos-nao-tem-outro-plano-senao-reeleicao-de-rogerio-cruz-afirma-novo-presidente/282820/ (acessado em 23/07/2023)

  5. https://diariodoestadogo.com.br/coluna/por-que-braga-fixou-em-50-a-meta-de-aprovacao-popular-para-rogerio-cruz-ate-junho-de-2024/ (acessado em 23/07/2023)

  6. https://a.co/d/1Rl2bJZ (acessado em 23/07/2023)

  7. A Tese defendida no Livro Cabeça do Eleitor, de que seriam eleitos com superior a 50% de ótimo e bom, foi derrubado nas eleições subsequentes a sua publicação.

  8. https://opopular.com.br/opiniao/coluna-da-cileide/prefeitura-comeca-do-zero-de-novo-1.3050086 (acessado em 23/07/2023)

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